quarta-feira, 24 de março de 2010

Os fósseis vivos


O processo que leva a formação dos fosseis é muito delicado, e para que se verifique é necessário que, logo a seguir a sua morte, o organismo fica sepultado em materiais adaptados à sua conservação, como por exemplo sob camadas de argila sem oxigénio. Esta é uma condição que se verifica muito raramente, sobretudo em terras emersas, onde geralmente os restos dos organismos ficam expostos às intempéries até à sua decomposição completa. Felizmente existe um outro tipo de fosseis que podem reconstruir as etapas da história da vida: os chamados fosseis vivos, organismos que parecem ser a copia viva de animais e plantas fossilizados que viveram à milhões de anos atrás. Estes representam os únicos sobreviventes de grupos que viveram e depois se extinguiram durante eras geológicas passadas, que resistiram ate hoje devido a felizes combinações de circunstâncias, ou simplesmente porque nunca chegou a surgir um outro animal ou8 planta capaz de competir com eles pela ocupação de um mesmo nicho ecológico. Durante muito tempo, a evolução não teve a necessidade de modificar o seu modelo original. Um dos exemplos mais interessantes é constituído pela Tuatara, habitantes de algumas pequenas ilhas ao largo da Nova Zelândia, únicos representantes actuais dos rinocéfalos, uma ordem de répteis que conheceu o seu melhor momento no longínquo Triásico.
A 130 milhões de anos atrás remontam os fosseis dos sirenídeos, uma estranha família de anfíbios de que restam algumas espécies nas aguas doces da América do Norte. Os sirenídeos parecem grandes enguias com um metro de comprimento, cujas patas anteriores são reduzidas e as posteriores desapareceram, apresentando nos lados do pescoço dois tufos de guelras. Os tubarões vêm ainda de mais longe: os primeiros exemplares viveram há 390 milhões de anos, 160 milhões de anos antes dos dinossauros, e os seus vestígios mostram que desde então não mudaram muito; no entanto, são ainda ultrapassados por certas bactérias que vivem nas nascentes termais quentes, como os géiseres, e que são provavelmente muito semelhantes aos primeiros organismos surgidos na Terra aos vários milhares de milhões de anos. Talvez todos os organismos do nosso planeta sejam, em certo sentido, fósseis vivos, porque em todos eles existe algum vestígio da vida do passado. No seu património genético, de facto, encontram-se, misturados e alterados, os genes hereditários de antepassados que se perdem na noite dos tempos.

1 comentário:

  1. Artigo deveras interessante, parabéns ao(s) criador(es).

    Abraço,

    Fábio Costa.

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