quarta-feira, 24 de março de 2010

Datação relativa das rochas

A datação relativa corresponde à determinação da ordem cronológica de uma sequência de acontecimentos, ou seja, estabelece a ordem pela qual as formações geológicas se constituiram no lugar onde se encontram.
Diferentes príncipios podem ser utilizados para fazer datação relativa de formações geológicas.

Princípio da sobreposição

Numa sequência de estratos em que não ocorreu alteração das posições de origem, qualquer estrato é mais recente do que aquele que recobre (muro) e mais antigo do que aquele que o cobre (tecto). Este princípio permite saber a idade relativa de uns estratos em relação a outros. Por vezes, surgem nas sequências estratigráficas superfícies de descontinuidades onde ocorreram a eliminação de determinados estratos devido, por exemplo, à erosão. Essas superfícies, as lacunas estratigráficas, podem ficar recobertas por novas camadas - caso retome o processo de sedimentação.


Princípios da continuidade lateral

Os estratos podem ser mais ou menos espessos consoante as condições de sedimentação do local. Isto permite datar, em colunas estratigráficas de dois lugares afastados, sequências de estratos idênticas (mesmo que os estratos de ambas tenham dimensões variáveis), desde que as sequências de deposição sejam semelhante.



Princípio da identidade paleontológica

Estratos pertencentes a colunas estratigráficas diferentes e que possuam conjuntos de fósseis semelhantes têm a mesma idade relativa. Importantes nesta datação são os fósseis de idade, que permitem determinar a idade relativa dos estratos. São bons fósseis de idades os que perteceram a organismos que viveram durante um período de tempo relativamente curto e bem determinado e que tiveram grande expansão. Estas características permitem uma boa correlação de camadas.

Princípio da intersecção e da inclusão

O princípio da intersecção diz-nos que qualquer estrutura que intersecte vários estratos se formou depois deles e é, portanto, mais recente. O princípio da inclusão refer que os fragmentos de rochas incorporados num dado estrato são mais antigos do que ele.



Referenciar documento
princípio da horizontalidade original. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8


Referenciar documento
princípio da correlação estratigráfica. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8


Referenciar documento
princípio da sobreposição. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8

A interpretação dos fósseis

Como outras disciplinas científicas, no século XVIII, os conhecimentos geológicos caracterizam-se por um singular entrecruzar de observações precisas e de explicações assentes em crendices. A herança cientifica medieval e da Antiguidade clássica perdiam a credibilidade, rapidamente, mas, “legitimadas” pela autoridade da Bíblia, exerciam ainda uma grande influencia sobretudos em questões amplas como as da cosmologia, a que as ciências da Terra estão directamente ligada.
Um dos problemas mais debatidos era o da origem dos fosseis de animais e plantas “impressos” na rocha, que desde há séculos vinham sendo encontrados. Embora já Leonardo da Vinci e Benard Palissy tivessem claramente afirmado que os fosseis eram restos e organismos mortos em tempos antigos, a maioria acreditava que se tratava de formações naturais das rochas, provocadas por causas variadas e inverosímeis. Por exemplo, o coleccionador inglês Lhwyd defendia que eles se desenvolviam a partir e sementes espalhadas nas rochas, enquanto o medico italiano Lancisi afirmava que se formavam por influência das estrelas.
Um exemplo curioso da fantasia de certos estudiosos do século XVIII é o do professor alemão Johann Beringer. Convencido que os fosseis teriam sido formados por Deus, recolhei vários exemplares cobertos de caracteres hebraicos e de outros símbolos, classificando-os e descrevendo-os num volume publicado em 1726. Quando descobriu um “fóssil” como o seu próprio nome, compreende u que todos tinham sido preparados pelos seus alunos para o enganar. O entusiasmo pela teoria levara o prestigiado estudioso ao engano. A questão em jogo na interpretação dos fosseis fossem de origem orgânica implicava a necessária suposição de que eles pertencessem a espécies já extintas. Esta hipótese contradizia a concepção de natureza como fruto de um plano de criação divina, perfeito e imutável.

Os fósseis vivos


O processo que leva a formação dos fosseis é muito delicado, e para que se verifique é necessário que, logo a seguir a sua morte, o organismo fica sepultado em materiais adaptados à sua conservação, como por exemplo sob camadas de argila sem oxigénio. Esta é uma condição que se verifica muito raramente, sobretudo em terras emersas, onde geralmente os restos dos organismos ficam expostos às intempéries até à sua decomposição completa. Felizmente existe um outro tipo de fosseis que podem reconstruir as etapas da história da vida: os chamados fosseis vivos, organismos que parecem ser a copia viva de animais e plantas fossilizados que viveram à milhões de anos atrás. Estes representam os únicos sobreviventes de grupos que viveram e depois se extinguiram durante eras geológicas passadas, que resistiram ate hoje devido a felizes combinações de circunstâncias, ou simplesmente porque nunca chegou a surgir um outro animal ou8 planta capaz de competir com eles pela ocupação de um mesmo nicho ecológico. Durante muito tempo, a evolução não teve a necessidade de modificar o seu modelo original. Um dos exemplos mais interessantes é constituído pela Tuatara, habitantes de algumas pequenas ilhas ao largo da Nova Zelândia, únicos representantes actuais dos rinocéfalos, uma ordem de répteis que conheceu o seu melhor momento no longínquo Triásico.
A 130 milhões de anos atrás remontam os fosseis dos sirenídeos, uma estranha família de anfíbios de que restam algumas espécies nas aguas doces da América do Norte. Os sirenídeos parecem grandes enguias com um metro de comprimento, cujas patas anteriores são reduzidas e as posteriores desapareceram, apresentando nos lados do pescoço dois tufos de guelras. Os tubarões vêm ainda de mais longe: os primeiros exemplares viveram há 390 milhões de anos, 160 milhões de anos antes dos dinossauros, e os seus vestígios mostram que desde então não mudaram muito; no entanto, são ainda ultrapassados por certas bactérias que vivem nas nascentes termais quentes, como os géiseres, e que são provavelmente muito semelhantes aos primeiros organismos surgidos na Terra aos vários milhares de milhões de anos. Talvez todos os organismos do nosso planeta sejam, em certo sentido, fósseis vivos, porque em todos eles existe algum vestígio da vida do passado. No seu património genético, de facto, encontram-se, misturados e alterados, os genes hereditários de antepassados que se perdem na noite dos tempos.

Formação das rochas sedimentares

A génese das rochas sedimentares implica duas etapas fundamentais:
  • Sedimentogénese - actividade que conduz à formação de materiais - sedimentos ou detritos - que constituem a matéria-prima das rochas sedimentares.
  • Diagénse - evolução posterior dos sedimentos, conduzindo à formação de rochas consolidadas.

SEDIMENTOGÉNSE


A sedimentogénese implica a ocorrência de determinados processos geológicos como a meteorização ou alteração das rochas, a erosão e o transporte de sedimentos, e a sedimentação desses sedimentos.
A meteorização consiste num conjunto de processos que conduzem à alteração química e/ou física das características iniciais das rochas, levando à sua destruição. Os agentes de meteorização são a água, o vento, as mudanças de temperatura e a acção dos seres vivos.
A erosão corresponde ao conjunto de processos físicos que permite remover do local os materiais resultantes da meteorização. A acção da gravidade, a água, o vento e o gelo são os principais agentes erosivos que arrancam e separam os fragmentos desagregados da rocha-mãe.
Na sedimentogénese, o transporte corresponde à acção da água e do vento, que conduzem os materiais resultantes da meteorização para outros locais.
A sedimentação, que consiste na deposição dos sedimentos, é a fase final da sedimentogénese, em que ocorre a preparação dos sedimentos para que se processe a diagénese.



DIAGÉNESE

Diagenese é o conjunto de processos físicos e químicos que produzem a consolidação dos sedimentos depositados e sua evolução para rocha sedimentar propriamente dita.


Os seguintes processos atuam na diagénese:

Compactação

Processo diagenético pelo qual o volume ou a espessura dos sedimentos são reduzidos devido à pressão estática provocada pelo material acumulado na bacia de sedimentação. Os fenómenos essenciais que acompanham a compactação são a perda irreversível de água e a redução dos poros da massa rochosa, de que resulta um aumento de densidade.
A compactação de um solo faz desaparecer os espaços entre as partículas constituintes do solo, reduzindo a aeração e a infiltração de água, e assim diminuindo a capacidade do solo para a cultura.

Cimentação

A cimentação é caracterizada pelo preenchimento entre os detritos por substâncias minerais. A formação do cimento pode ocorrer por precipitação de substâncias, como sílica, carbonato, óxidos de ferro, etc., transportados pela água, bem como por acção bacteriana com a formação de óxido de ferro e de carbonato de cálcio.

Devido ao aprofundamento na crosta, os minerais menos estáveis podem mudar a sua estrutura transformando-se em formas mais estáveis nas condições termodinâmicas, resultando num rearranjo dos componentes originais das rochas. - Recristalização


Referências:

sedimentogénese. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8


compactação (geologia) . In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8

cimentação. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-03-24].
Disponível na www: .

Classificação das rochas sedimentares

As rochas sedimentares podem ser consideradas biogénicas, detriticas ou quimiogénicas.

Rocha biogénica

Rocha sedimentar formada por restos de seres vivos ou por substâncias provenientes da sua decomposição - sedimentos biogénicos. As rochas biogénicas podem, também, ser designadas quimiobiogénicas, uma vez que é difícil distinguir, em determinadas situações, os processos inorgânicos dos bioquímicos.
Os calcários biogénicos e as rochas carbonáceas, como os carvões e os petróleos, constituem exemplos deste tipo de rochas:
- Os calcários biogénicos formam-se, essencialmente, pela acumulação de partes esqueléticas de seres vivos, ricas em carbonato de cálcio, ou por reacções de precipitação, mas iniciadas pela acção dos seres vivos. Os depósitos de carbonato de cálcio sofrem diagénese, originando rochas consolidadas.
- As rochas carbonáceas têm uma origem verdadeiramente orgânica ou biogénica. No seu processo de formação ocorre intervenção directa de matéria orgânica, resultante de seres vivos, sujeita a alterações químicas.


Rocha quimiogénica

Rocha sedimentar formada a partir de um processo de precipitação de substâncias químicas dissolvidas numa solução aquosa - sedimentos quimiogénicos. A precipitação destas substâncias pode dever-se à evaporação da água, formando-se cristais que se acumulam e que constituem os evaporitos. Também se pode dever a outras reacções químicas desencadeadas pela alteração das condições do meio.
Alguns exemplos importantes de rochas de origem química são os calcários de precipitação (exemplo: travertino) e as rochas salinas (evaporitos como o gesso e o sal-gema).

Rocha detrítica

Rocha sedimentar, também designada por rocha detrítica, que se forma a partir de fragmentos sólidos ou por detritos obtidos pela meteorização e erosão de rochas preexistentes - os sedimentos detríticos.
As rochas sedimentares detríticas classificam-se em dois tipos: as detríticas não consolidadas e as detríticas consolidadas.
As rochas sedimentares detríticas não consolidadas correspondem a depósitos de sedimentos que não sofrem diagénese. Incluem-se neste grupo:
- Balastros, sedimentos com formas e dimensões muito variadas que ficam progressivamente mais rolados (blocos, seixos, calhaus, godos, cascalho e areão).
- Areias, rochas desagregadas de pequenas dimensões (entre os 1/16mm e os 2 mm), com composição variada, o que fornece indicações sobre os materiais que as constituem e sobre os processos de formação. As areias podem ser calcárias (brancas) ou basálticas (negras), embora as areias mais comuns sejam as quartzosas, de cor clara.
- Siltes, partículas de dimensões reduzidas (entre 1/16 e 1/256 mm), que se depositam por correntes de baixa energia.
- Argilas, materiais de dimensões reduzidas (inferiores a 1/256 mm), finos e pulverulentos, onde predominam os chamados minerais de argila.

O grupo das rochas sedimentares detríticas consolidadas engloba:
- Rochas conglomeráticas, que resultam da cimentação de calhaus rolados que formam rochas consolidadas; a matriz inclui elementos de menores dimensões aglutinados pelo cimento (ex.: brechas).
- Arenitos, também designados por grés, que resultam da consolidação de areias. Possuem, geralmente, apenas um tipo de mineral, sendo o quartzo o mais abundante. Tendo em conta a natureza do cimento, os arenitos são chamados arenitos siliciosos, arenitos argilosos, arenitos calcários e arenitos ferruginosos.
- Siltitos, que resultam da consolidação de siltes, apresentando uma composição mineralógica variável.
- Argilitos, com origem na consolidação de argilas formadas pela meteorização química de vários silicatos. Quando puros, os argilitos são bancos e designam-se por caulino. Normalmente, apresentam minerais associados, como feldspatos, micas e até quartzos.



Referências

Imagem
http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://i197.photobucket.com/albums/aa29/sarajkl/tabelarochasdetriticas.jpg&imgrefurl=http://e-porteflio.blogspot.com/2009/03/classificacao-das-rochas-sedimentares.html&usg=__7RjyjcdPbBZqLHt-PNuaAOB2V4s=&h=479&w=570&sz=62&hl=pt-PT&start=7&um=1&itbs=1&tbnid=og9bRgbRA639NM:&tbnh=113&tbnw=134&prev=/images%3Fq%3Descala%2Bgranulometrica%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DX%26rlz%3D1R2ADSA_pt-PTPT342%26tbs%3Disch:1


rocha sedimentar detrítica. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8


rocha quimiogénica. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8


rocha biogénica. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8

Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres

As rochas são consideradas unidades estruturais da crusta e do manto que possuem características próprias, sendo formadas, em regra, por um ou por vários minerais associados. Exemplo de rocha: granito (constituido por quartzo, feldspatos e micas).

Os minerais são corpos sólidos, naturais (formados por processos geológicos), com estrutura cristalina, inorgânicos e com uma composição química definida ou variável dentro de certos limites. Exemplo de mineral: halite (NaCl).

A natureza das partículas elementares, as ligações entre elas e a forma tridimensional da rede cristalina conferem a cada mineral determinadas propriedades que permitem, em alguns casos através de meios de análise sofisticados, fazer a sua identificação.
Outras propriedades dos minerais são de fácil detecção e podem ser realizadas no decorrer de saídas de campo ou em testes laboratoriais simples. As propriedades dos minerais podem ser
físicas ou químicas.
Entre as propriedades físicas mais utilizadas na identificação de minerais, podem destacar-se:
-> as propriedades ópticas (cor, brilho e risca);
-> as propriedades mecânicas (dureza, clivagem e fracturas);
-> a densidade (absoluta e relativa).
Entre as
propriedades químicas, podem destacar-se:
-> teste do sabor salgado;
-> teste da efervescência.


Cor dos minerais

--> Idiocromáticos - cor própria não variável - verde da malaquite, amarela na pirite;
--> Alocromáticos - cor variável - o quartzo pode ser incolor, branco, amarelo e rosa.


Fig. 1 - Minerais com cor constante (idiocromáticos)


Fig. 2 - Mineral com cor variável, ou seja, não constante (alocromático).

Risca ou traço

--> Cor do mineral quando reduzido a pó por vezes diferente da cor do mineral;
--> Determina-se raspando o mineral numa placa de porcelana;
--> Os minerais alocromáticos possuem risca clara ou incolor.

Fig. 3 - Risca ou traço (hematite).

Brilho

--> Luz reflectida numa superfície de fractura recente do mineral;
--> Brilho metálico (semelhante ao dos metais - galenite, pirite);
--> Brilho não metálico (quartzo, feldspatos).


Fig. 4 - Brilho metálico, sub-metálico e não metálico.

Clivagem

--> O mineral fractura-se por planos paralelos entre si com superfícies brilhantes;
--> Os planos de clivagem resultam de ligações químicas entre as partículas mais fracas em determinadas direcções da rede cristalina. O mineral divide-se segundo essas direcções;

Fig. 5 - Superficies de clivagem.


Fractura

--> O mineral divide-se segundo superfícies irregulares, dando origem a fragmentos de superfícies irregulares e de diferentes tamanhos;
--> As partículas da rede cristalina estão submetidas a forças fortes em todas as direcções.

Dureza

--> Relativa - medida segundo uma escala crescente de dez termos - escala de Moshs. Determina-se riscando uma amostra num dos minerais da escala e vice-versa.
--> Um mineral que risque e seja riscado por em termo da escala, ou se não se riscarem entre si, possui a mesma dureza relativa;
--> Um dado mineral produz um sulco, risca em todos os termos da escala de menor dureza e é riscado por todos os que possuem dureza superior.


Fig. 6 - Escala de Mohs.

Densidade

--> Absoluta:
> Massa volúmica (g/cm3);
> Depende da massa das partículas e do arranjo das mesmas na rede tridimensional.
--> Relativa:
> Densidade relativa à densidade da água, que se considera igual a 1 (1g/cm3);
> A densidade relativa calcula-se usando uma balança de Jolly. Determina-se o peso da amostra do mineral fora da água (P) e o peso da mesma amostra mergulhada em água (P');
> P - P' = valor da impulsão, peso da água corresponde ao volume da amostra. A densidade relativa obtém-se dividindo o peso da amostra fora da água (P) pelo peso da água correspondente ao mesmo volume (P-P').



Propriedades químicas

--> Teste do sabor salgado para a determinação da presença de halite (NaCl);
--> Teste da efervescência pelo contacto com um ácido. Certos minerais, como a calcite, reagem com os ácidos libertando CO2, o que provoca a efervescência. Este fenómeno ocorre a frio em determinados minerais e a quente noutros.


Fig. 6 - Efervescência produzida por um ácido, neste caso, ácido clorídrico (HCl)


Fonte: http://estudante-de-biogeo-11.blogspot.com/2009/03/processos-e-materiais-geologicos.html

terça-feira, 23 de março de 2010

Rochas Sedimentares

Rocha constituída pela estratificação de sedimentos com origens diversas. As rochas sedimentares formam-se, na superfície terrestre ou a pequenas profundidades, por um conjunto de processos geológicos que incluem duas etapas fundamentais: a sedimentogénese, em que ocorre a formação dos materiais que vão constituir as rochas sedimentares - sedimentos ou detritos, e a diagénese ou litificação, onde os sedimentos evoluem até formarem as rochas.
Embora a sua representação na crusta terrestre seja muito fraca (5% do seu volume), as rochas sedimentares recobrem uma extensa superfície, ocupando mais de 75% da área continental.
Existe uma grande variedade de rochas sedimentares, tanto na constituição, como no aspecto e nos processos de formação.
A classificação das rochas sedimentares baseia-se na sua composição química e na génese dos sedimentos que as originam.
Em geral, os elementos mais abundantes nas rochas sedimentares são o Si, Ca, Te, K, Mg, isto é, os mesmos que estão presentes na crosta terrestre, ainda que em proporções diferentes das rochas endógenas.
Na composição mineralógica das rochas sedimentares, podem distinguir-se os minerais herdados (alóctonos ou detríticos) e os minerais de neoformação (autóctores ou químicos);

  • Os denominados minerais herdados provêm directamente de rochas preexistentes, através de fenómenos de desagregação e transporte, sem terem sofrido qualquer alteração química. Estes minerais vão constituir as rochas sedimentares detríticas. O quartzo, os feldspatos, as micas, a limonite, a hematite, as anfíbolas, as piroxenas e a calcite são exemplos de minerais herdados.

  • Os minerais de neoformação são minerais novos que se formam durante a sedimentogénese ou a diagénese e que resultam da alteração química ou da precipitação de outros minerais. Exemplos de minerais de neoformação mais frequentes são a calcite, a dolomite, a sílica, os minerais de argila, a halite e o gesso.


Tendo em conta a fracção predominante nas rochas sedimentares, podem considerar-se três grupos: as rochas detríticas ou clástricas, que se formam a partir de sedimentos obtidos pela meteorização e erosão das rochas preexistentes; as rochas quimiogénicas, com origem em sedimentos quimiogénicos; e as rochas biogénicas, que resultam de sedimentos biogénicos.

Existem outras classificações para as rochas sedimentares, como, por exemplo: a classificação que tem por base a composição química, agrupando-as em rochas siliciosas, argilosas, calcárias, ferruginosas, etc.; aquela que se baseia na sua origem (rochas pluviais, eólicas, etc.); as classificações que recorrem à textura (considerando, por exemplo, o tamanho do grão); etc.
Um dos aspectos mais importantes, contudo, para o estudo e avaliação das rochas sedimentares é a estratificação, isto é, a forma peculiar como se colocam as camadas umas sobre as outras.


Referenciar documento
rocha sedimentar. In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8

Penacova: EN110 cortada devido a deslizamento de barreira


No dia 19 de março de 2010, o deslizamento de uma barreira levou ao corte da estrada nacional 110, que liga Coimbra a Penacova. O trânsito estava cortado nos dois sentidos. Fonte da GNR disse que não havia previsão do tempo de demora da reabilitação da circulação.
A queda da barreira ocorreu por volta das 07h30, ao quilómetro 6.1, próximo das localidades de Foz do Caneiro e Rebordosa, concelho de Penacova.


Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/estrada-cortada-barreira-transito-en110-tvi24/1148598-4071.html

Zonas de vertente

As zonas de vertente são locais de desnível da topografia terrestre, que podem ter um declive mais ou menos acentuado, encontrando-se muito expostas à acção intensa e rápida dos fenómenos erosivos. Devido às suas características, é frequente ocorrer nestas zonas movimentos descendentes de materiais do solo ou de materiais rochosos (movimentos em massa). Estes deslocamentos provocam o transporte de sedimentos e a dua deposição na base da vertente em zonas planas, normalmente um vale. As alterações verificadas nas zonas de vertente devem-se, essencialmente, a duas causas naturais: erosão hídrica, provocada pela água da chuva e movimentos de terrenos. É o acidente geológico que maior número de vítimas mortais provoca em cada ano.
Estes movimentos em massa resultam de factores naturais e de factores antrópicos:
  • Factores naturais:
--> da acção da gravidade;
--> da inclinação da vertente;
--> do tipo de rocha que constitui a encosta;
--> da pluviosidade e o teor de água do solo.
  • Factores antrópicos:
--> a desflorestação;
--> a construção de habitações e vias de comunicação, que ao cortarem a vertente a expõem aos factores ambientais, aumentando o risco de movimentos;
--> a saturação de água nos solos devido à rega excessiva na agricultura.







Bibliografia: Terra, Universo de Vida 2º parte Geologia- Biologia e geologia- 11º ou 12º (ano2) Amparo Dias da Silva/Fernanda Gramaxo/ Maria Ermelinda Santos/ Almira Fernandes Mesquita/ Ludovina Baldaia/ José Mário Félix/ Porto editora execução gráfica 2006

Algarve: marés vivas ameaçam mais habitações

Em dois meses, quase 30 casas de férias da Ilha da Fuzeta, no Algarve, foram destruídas por marés vivas e ondulação forte do mar.
A presidente da Sociedade Polis Ria Formosa, Valentina Calixto, afirmou que há 10 casas na Ilha da Fuzeta em risco de destruição pelo mar e que esse facto pode registar-se com as próximas marés vivas, previstas para a próxima segunda-feira, de acordo com as previsões meteorológicas.
A destruição das casas através de um fenómeno natural apenas veio antecipar a demolição programada pelo Polis Ria Formosa, não significando, contudo, um trabalho mais facilitado e económico para as autoridade responsáveis pela renaturização das ilhas da Ria Formosa, de acordo com o geólogo da Administração Hidrográfica Regional do Algarve, Sebastião Teixeira.
A operação de remoção do lixo e o seu carregamento para terra ficou mais dificultada, porque o lixo está mais disperso pela praia e pela Ria Formosa, explicou o geólogo, acrescentando que os destroços das casas podem aumentar o perigo para os pescadores durante o seu trabalho.
Valentina Calixto declarou que está a decorrer um processo de preparação para um concurso público de remoção dos destroços e das ruínas, cujo objectivo é retirar todo o lixo da praia e Ria Formosa até à Páscoa.

Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/ambiente/01

Zonas costeiras

As zonas costeiras ou zonas da orla marinha caracterizam-se por um intensa actividade geológica provocada pelo mar. A acção mecânica das ondas, das correntes e das marés são importantes factores modeladores das zonas costeiras, cujos resultados são formas de erosão ou formas de deposição.
As formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto do movimento das ondas sobre a costa - abrasão marinha -, sendo mais notória nas arribas. As formas de deposição resultam da acumulação de sedimentos, salientando-se nas praias.
A abrasão marinha faz-se sentir, sobretudo, na base da escarpa em contacto com o mar, onde o material rochoso é retirado mais intensamente. Consequentemente, isto leva a um descalce da base da arriba, que, por acção do peso das camadas superiores, abate, originando no sopé da arriba um amontuado de blocos rochosos - a plataforma de abrasão.




Bibliografia: Terra, Universo de Vida 2º parte Geologia- Biologia e geologia- 11º ou 12º (ano2) Amparo Dias da Silva/Fernanda Gramaxo/ Maria Ermelinda Santos/ Almira Fernandes Mesquita/ Ludovina Baldaia/ José Mário Félix/ Porto editora execução gráfica 2006

segunda-feira, 22 de março de 2010

Relembrar o passado... ("Queda da ponte Hintze Ribeiro")

É sempre bom buscar provas daquilo que se tem vindo a falar, e como tal temos como uma boa prova, infelizmente, a tragédia ocorrida no nosso país à 9 anos atrás (no dia 4 de Março de 2001).



Um relatório, realizado por cinco especialistas em hidráulica e engenharia civil, apontou a extracção de areias no leito do rio Douro como a principal causa da queda da ponte de Entre-os-Rios, que provocou a morte de 59 pessoas.
No mesmo relatório foi referido que, já em 1988, o pilar número quatro da ponte não apresentava condições de segurança, em resultado da intensa extracção de areias, mas também de alguns fenómenos naturais. Estas responsabilidades foram mesmo quantificadas pelos técnicos que atribuiram 80 por cento de culpa à extracção de areias e 20 por cento a outros fenómenos, como as chuvas intensas.
De acordo com os especialistas, as extracções de areias efectuadas a montante da ponte geraram fundões que provocaram a instabilidade do leito do rio e contribuíram de forma decisiva para a queda do pilar da ponte Hintze Ribeiro. Os peritos concluiram que era previsível o descalçamento do pilar e que medidas de protecção podiam ter eventualmente evitado a queda da ponte de Entre-os-Rios.
No relatório os especialistas concluiram que quer o projectista encarregado do reforço da ponte, quer o dono da obra deviam ter encarado os estudos existentes à data de forma mais cuidada. Embora considerássem que a extracção de areias deixa cicatrizes profundas, os peritos não chegaram ao ponto de afirmar que esta foi excessiva.

Fonte: http://dossiers.publico.pt/dossier.aspx?idCanal=335

Bacias hidrográficas

Um Rio é um curso de água, superficial e regular que pode desaguar num outro rio, num lado, ou no mar, nascendo a montante e desaguando a jusante. É vulgar que um rio desde a sua nascente, local de maior altitude, onde se inicia a corrente de água, até à foz, onde desagua, receba a água de rios, ribeiros e riachos afluentes, que vão engrossando o seu caudal. A este conjunto formado pelo rio principal, pelos seus afluentes e pelos subafluentes designa-se por rede hidrográfica. Uma rede hidrográfica recolhe e escoa toda a água superficial de uma dada área geográfica que a limita, a bacia hidrográfica.

Existem três tipos de leito de um rio (espaço que pode ser ocupado pelas águas), nomeadamente o leito aparente, o leito de inundação e o leito de estiagem.
  • Leito do rio aparente/normal – terreno ocupado, normalmente, pelas águas.
  • Leito de cheia/inundação – espaço ocupado pelas águas em época de cheias, quando a pluviosidade é muito abundante.
  • Leito de seca/estiagem – zona ocupada pelas águas quando a quantidade destas diminui, por exemplo, durante o verão.


O trabalho geológico de um rio compreende três acções: a erosão, o transporte e a deposição ou sedimentação.
Erosão - consiste no desgaste e extracção de materiais do fundo do leito e das margens - os detritos - pela acção da corrente da água. Esta acção é mais intensa nas regiões junto da nascente, onde ocorrem maiores desníveis e a velocidade da corrente é maior. Os materiais rochosos soltos durante o processo erosivo vão ser transportados pelo rio para distâncias maiores ou menores, dependendo do tamanho dos fragmentos, do seu peso e da velocidade da corrente. Durante o transporte eles são desgastados e vão arredondando. O tipo de transporte varia entre:
a suspensão em água, a saltação, o rolamento e o arrastamento.



A ocupação humana dos leitos de cheia aumenta o risco geológico, no caso de uma subida inesperada e brusca dos níveis da água dos rios, o que se poderá traduzir em perdas de bens materiais e eventualmente de vidas humanas.
A intervenção humana nos processos de regularização e utilização dos caudais faz-se através de grandes obras de engenharia: construção de barragens, para fins agrícolas e abastecimento de água ou hidroeléctricas, construção de canais de irrigação ou de navegação. As barragens, por exemplo, alteram o perfil longitudinal do leito do rio, provocando alterações no transporte dos sedimentos, que tendem a depositar-se a montante dela. Para jusante, a força da água tende a erodir o fundo do leito. Outro factor de risco geológico associado às bacias hidrográficas é a extracção de inertes, pois isto pode provocar o aumento da acção erosiva e um desgaste do fundo do leito que pode conduzir ao descalçar de pilares de pontes e ao aumento de risco de derrocadas, bem como alterar as velocidades dos caudais de água com riscos de alteração dos perfis transversais do rio.

Bibliografia: Terra, Universo de Vida 2º parte Geologia- Biologia e geologia- 11º ou 12º (ano2) Amparo Dias da Silva/Fernanda Gramaxo/ Maria Ermelinda Santos/ Almira Fernandes Mesquita/ Ludovina Baldaia/ José Mário Félix/ Porto editora execução gráfica 2006

sábado, 20 de março de 2010

Sondagem: Falta de ordenamento do território na base da tragédia madeirense

Os problemas de ordenamento do território foram o factor preponderante na tragédia que afectou a Madeira, de acordo com os participantes da última sondagem do Ambiente Online. Cerca de metade dos inquiridos (57.6 por cento) afirma que a principal causa para as cheias da Madeira foi a ausência de um ordenamento do território adequado.
Sobre a mesma questão, 35.6 por cento dos participantes da sondagem acreditam que existem outros factores com mais influência. Por fim, apenas 6.8 por cento defendem que o ordenamento do território não teve qualquer ligação com os acontecimentos na ilha.

Em Fevereiro de 2010, fortes chuvas provocaram uma enxurrada na ilha da Madeira, causando cerca de 40 mortos. Vários especialistas afirmam, entretanto, que a ausência de acções de ordenamento do território pode ter contribuido para a diminuição da tragédia. A Madeira é a única região do País onde não existe reserva ecológica nacional (REN), um instrumento destinado a evitar, por exemplo, a construção em leitos de cheia.

Fonte: http://www.ambienteonline.pt/noticias/

sexta-feira, 19 de março de 2010

Aula de Campo Sobre Riscos Geológicos e Ocupação Antrópica

Este trabalho tem como objectivo descrever a aula de campo de Geologia da disciplina de Biologia e Geologia de 11ºano realizada no passado dia 11 de Março. Nesta aula fizemos um estudo dos riscos geológicos e ocupação antrópica de algumas zonas de Portugal Continental. Os locais visitados foram Arcos de Valdevez, Frades, Serra d’Arga, Esposende, Ofir e Apúlia.



Em Arcos de Valdevez, onde podemos observar uma bonita paisagem. O rio Vez é o rio que passa em Arcos de Valdevez, pertence à bacia hidrográfica do rio Lima e á região hidrográfica do Minho e Lima. A bacia hidrográfica é usualmente definida como a área na qual ocorre a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas características geográficas e topográficas.
Contudo o seu leito de cheia foi parcialmente ocupado. Leito de cheia é o espaço que é inundável em época de cheias. O seu caudal varia ao longo do ano, podendo apresentar períodos de estiagem e períodos de grandes caudais que podem originar cheias que provocam inundações. Com a ocupação antrópica do seu leito de cheia as consequências das possíveis inundações são muito mais graves, podendo ocorrer perdas matérias e nos piores casos, perdas de vidas humanas.


Em Frades verificou-se que, à algum tempo atrás, houve uma erosão da vertente mais propriamente um movimento de terras que teve consequências trágicas.



Esse acontecimento deu-se devido a um desgaste mais ou menos lento e gradual do solo e à sua saturação de água (não escoamento das águas ao longo da vertente) causado por elevadas precipitações, num longo período de tempo.
Por outro lado, a pouca vegetação arbórea e o tipo de rochas presentes neste local contribuíram também para este movimento de terras.
O forte declive da vertente veio confirmar que aquele local tinha um elevado risco geológico.
Desse incidente resultou um enorme buraco no solo, em que essas terras que se desprenderam foram parar junto as habitações mais próximas.
Dez anos depois ainda são visíveis as marcas do movimento de terras e ainda existem casas por recuperar.



A serra d’ Arga encontra se a 801m de altitude e aqui podemos encontrar grandes blocos de granito de formas arredondadas, dispostos isoladamente ou constituindo “Caos de Blocos”, um modelado típico das regiões graníticas.
Os blocos são penedos com varias dimensões, no geral são arredondados, assentes na superfície topográfica, e que por vezes encontra se em grande quantidade formando aglomerações designadas por caos de blocos. Estas formas apresentam uma grande dispersão geográfica, observando-se em todos os climas. Os caos de bloco são característica de rochas graníticas mas também podem ser formas por outro tipo de rochas. Os blocos como são característico dos granitos, originam preferencialmente em granitos de grão grosseiro, onde as fracturas apresentam-se em maior espaçamento, fracturados por diaclases ortogonais.
Estes caos de blocos formam-se como uma consequência da meteorização física e química do granito que são provocadas pela passagem da água das chuvas nas fendas - diaclases - dos granitos. Essas fendas existem em consequência da descompressão sofrida por estas rochas quando afloram à superfície.



Em Esposende podemos observar pelo menos um esporão. Um esporão é uma estrutura que tenta impedir que a erosão de praia seja notória, os esporões são apenas uma forma de defesa, apesar de estes poderem, também trazer algumas consequências para as praias a jusante. Contudo, os esporões são utilizados com alguma frequência.



Em Ofir, observamos as famosas Torres de Ofir. As duas Torres foram construídas por volta dos anos 70, tal construção foi permitida na altura devido à falta de leis que protegessem a orla costeira. Estas torres atraíam mais pessoas até aquela zona costeira de Portugal. Contudo, com o passar do tempo, o mar tem avançado sobre a praia e as torres estão em constante perigo de ruir, apesar das obras feitas para impedir que tal aconteça. Este risco, é também um efeito secundário dos esporões construídos a montante das torres, visto que fez com que a erosão nas praias de Ofir aumentasse.

Na praia d’ Apúlia observamos as dunas. Uma duna é uma montanha de areia criada a partir de processos eólicos, essencialmente. Dunas a descoberto como é o caso das que observamos na Apúlia estão sujeitas à movimentação e à mudança de tamanho. O vale entre as dunas é chamando de slack. Em resumo as dunas são montes de areia formadas pelo vento e pelo ma, não precisando de ser necessariamente grandes, pois muitas delas são bem pequenas. Nunca devemos destruir dunas, é um processo natural e deve ser preservado de maneira a estas perdurarem. As dunas para além de embelezarem as paisagens, também protegem as cidades do avanço do mar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Ocupação antrópica e os problemas de ordenamento

A ocupação desordenada e não planificada de áreas de elevado risco geológico, como leitos de cheia dos rios, arribas ou vertentes não consolidadas, pode conduzir ao surgimento de catástrofes que provocam elevados prejuíjoz humanos e materiais. A melhor forma de combater esses acidentes consiste em diminuir o risco deles acontecerem através de uma ocupação planeada, que tenha em conta a natureza das formações geológicas da área a ocupar e dos processos geológicos que conduziram à sua formação e que condicionam a sua evolução. A Geologia tem, cada vez mais, um papel importante na planificação e ordenamento do território, prevenindo os riscos de ocorrência de catástrofes.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O nascimento da geologia

Hoje nenhum de nós sonharia duvidar que a terra tem uma história e que essa história é mensurável, não em centenas, nem em milhares, mas em milhões de anos. Até ao século XVII as coisas eram muito diferentes: cálculos estimados com base nos relatos fornecidos pelas sagradas escrituras atribuíam à terra uma idade à volta de 6000 anos, fazendo coincidir o inicio da sua historia com a criação divina. A ideia de que fosse licito questionar e investigar o próprio passado da terra levou tempo a afirmar-se, sobretudo por motivos religiosos, e só se imporia definitivamente no século XVIII.
Um dos grandes problemas que acabou por impor uma séria reflexão sobre a historia do nosso globo foi a questão dos fosseis. O que eram aquelas estranhas rochas em forma de peixe, de concha e de folhas normalmente encontradas nas grutas, nos terrenos calcários ou no cume das mais altas montanhas? A ideia de que se tratava de seres orgânicos, e não "brincadeiras" de uma natureza que se divertia a reproduzir, também no reino mineral, as formas dos seres vivos, começou a adquirir consistência entre o fim do século XVI e a primeira metade do século XVII. Como era possível que peixes e conchas alcançassem o ponto mais alto das montanhas? E como é que estes seres se tornaram parte das rochas? Eram essas rochas originalmente líquidas? Foram perguntas deste tipo que levaram Robert Hook, Niels Stensen, Thomas Burnet e muitos outros a pensar que o aspecto da terra, longe de ter sido sempre igual ao de hoje, era o resultado de um longo processo de transformações, perturbações e catástrofes, cuja história convinha investigar em detalhe, estudando os fosseis como testemunhos deste passado.