Antes de mais, é importante referir que ainda não há actualmente (nem virá a haver tão cedo, provavelmente) um consenso entre a comunidade cientifica relativamente às origens e à evolução da espécie humana. Mas de uma coisa podemos ter todos a certeza: o ser humano é um enorme sucesso ecológico.
Actualmente, existem milhões de espécies, desde os seres unicelulares até aos pluricelulares mais evoluídos. A explicação para esta diversidade foi sempre um tema central do pensamento humano, tendo surgido explicações de natureza mítica ou científica que procuraram dar resposta a essa interrogação.
Evolucionismo Vs fixismo
Até meados do século XIX, a diversidade do
mundo vivo era explicada de acordo com uma concepção resultante da interpretação dos textos bíblicos. Segundo esta interpretação, os seres vivos são o resultado de um acto de criação divino, mantendo-se as diferentes espécies inalteradas ao longo do tempo desde o momento da sua criação, ou seja, as espécies são fixas e imutáveis e, como tal, não sofrem alterações. esta explicação, conhecida como
fixismo, considera a Natureza como um sistema ordenado e estável, onde cada forma viva, criada para um determinado fim, está perfeitamente adaptada. Foi neste mesmo século (séc.XIX) que as ideias transformistas ganharam força, acabando por impor o
evolucionismo como paradigma da origem e diversidade das espécies. De entre os principais defensores das ideias de evolução destacam-se
Lamarck e
Darwin.
Ao contrário do fixismo, as ideias transformistas contestam a visão estática do mundo, sugerindo que as espécies sofrem modificações ao longo do tempo. Os trabalhos desenvolvidos no ãmbito da geologia, em especial a paleontologia, com o estudo dos fósseis, foram os primeiros a pôr em causa o fixismo, abrindo caminho para o aparecimento de ideias evolucionistas. Segundo as ideias evolucionistas de Lamarck (1809), as mudanças ambientais determinam nos seres vivos a necessidade de se adaptarem para poderem sobreviver nas novas condições ambientais. O ambiente é, assim, responsável pelo início do processo de evolução, cujos mecanismos se encontram enunciados na lei do uso e do desuso e na lei da transmissão de caracteres adquiridos.
Exemplo dos dois principios do Lamarckismo:
- O pescoço alongado da girafa foi obtido graças ao hábito de este animal esticar demasiado a cabeça em busca das folhas de que se alimenta, no cimo das árvores. Logo dá-se o desenvolvimento do órgão pela necessidade de adaptação ao meio (Lei do uso e do desuso).
- Por conseguinte, as transformações sofridas, provocadas pelo ambiente, no pescoço da girafa (alongamento deste), eram transmitidas à descendência (Lei da herança de caracteres adquiridos).
Síntese da perspéctiva Lamarckista:
Numa viagem de circum-navegação,
Charles Darwin recolheu dados das observações efectuadas, que imponham o evolucionismo no mundo científico. Estas observações efectuadas, especialmente no arquipélago dos Galápagos, permitiram a Darwin propor a
selecção natural como o mecanismo essencial que dirige a evolução. Segundo este processo, dado que o ambiente não possui os recursos necessários para a sobrevivência de todos os seres vivos que nascem, deverá ocorrer uma luta pela subrevivência durante a qual serão eliminados os menos aptos. Assim, os seres mais aptos sobrevivem e espalham na Natureza os caracteres mais favoráveis. Síntese do Darwinismo:
- Todas as espécies apresentam, dentro de uma dada população, indivíduos com pequenas variações nas suas características, como, por exemplo, na cor, no tamanho e na forma;
- Uma vez que as espécies originam mais descendentes do que aqueles que podem sobreviver, os descendentes que possuem variações vantajosas, relativamente ao meio em que se encontram, têm maior taxa de sobrevivência. Nesta luta pela sobrevivência são eliminados os individuos que possuem variações desfavoráveis;
- Através deste mecanismo, o ambiente desenpenha um papel selectivo ao condicionar a sobrevivência dos diferentes indivíduos da população. Os indivíduos portadores de variações favoráveis sobrevivem, transmitindo as suas características à descendência;
- A selecção natural, actuando ao longo de muitas gerações, conduz à acumulação de características que, no seu conjunto, poderão vir a definir novas espécies.
O facto de o Darwinismo nunca ter explicado a causa das variações nos individuos de uma população causou uma grande crítica a esta teoria.
Fonte: http://evolucaohumana.com.sapo.pt/